Aqui, será discutido:Direito Humano à Comunicação; manipulação da informação e assuntos afins... Sinta-se à vontade e aprecie sem moderação! Que nosso conhecimento não seja um obstáculo à humildade, pois o desejo de ter sempre razão é o maior obstáculo às idéias novas.
domingo, 20 de junho de 2010
O PAPEL DA COMUNICAÇÃO SOCIAL NO CAMPO
Por:Everaldo Costa Santana
É preciso que jovens possam criar ou mobilizar meios para dá voz às pessoas de seu bairro, de sua cidade, e de seu Estado. Para exercer essa função, não precisa ser jornalista, nem profissional da comunicação social, basta iniciativa, protagonismo e liderança. Os meios existentes são os mais variados. Um programa numa rádio comunitária, um jornal coletivo, um informativo comunitário, um vídeo documentário, enfim, os recursos podem ser utilizados da melhor forma possível. E o melhor, sem muitos custos financeiros.
Nesse contexto, em meio a tantas novas mídias e tecnologias, muitas dessas iniciativas têm contribuído com o desenvolvimento humano e social no Brasil. Esse é o principal desafio da comunicação comunitária, e ele favorece a garantia dos direitos universais e do direito humano a comunicação. Além disso, é importante a criação de um cenário que favoreça a construção de políticas públicas de comunicação. Nessa mobilização é muito importante a articulação de grupos organizados que trabalhem a temática da comunicação, e outros que de alguma forma, contribuem para a democratização dessa temática.
Essa luta já é antiga. A reivindicação de uma comunicação que valorize as pessoas sem distinção de classe social, gênero, opção sexual, raça ou etnia sempre foi feita pelos movimentos sociais, essa luta é histórica. Em decorrência desses movimentos e atos, o Governo Federal realizou em dezembro de 2009, em Brasília, a I Conferência Nacional de Comunicação.
Mesmo comemorando a conquista dessa conferência, a discussão ainda é injusta e desigual. Os movimentos sociais dividem espaços com o “grande empresariado da comunicação” e políticos, muitos concessionários. E nesse embate, a discussão é acirrada. As juventudes, principalmente as juventudes do campo, devem tomar posse desses debates, e colocar em pauta, a situação da comunicação rural que na grande maioria dos municípios do interior do país, acontece de forma injusta e tendenciosa. Nesse cenário, os políticos e as igrejas são os grandes favorecidos, pois “dominam” os veículos que dizem comunitários para promoção própria, e o que é público, se torna privado.
Que tal, você jovem contribuir para que a comunicação de sua comunidade se torne democrática, e contribua para vivências mais justas. Chega de tanto monopólio, chega de tanta falta de respeito aos direitos humanos. Nossa comunicação deve ser assumida como direito. Vamos levantar essa bandeira. Lidere, crie, mobilize e faça comunicação. Dialogue com mais pessoas de sua comunidade. Mobilize ou produza produtos comunitários de comunicação. Neles, com certeza, as comunidades serão as grandes protagonistas e poderão se ver, e se reconhecer nas informações.
CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA MÍDIA: UM DESAFIO À EDUCAÇÃO
Por: Cleyton Douglas Vital e Everaldo Costa Santana
Existem muitas questões pairando no ar a respeito de qualidade de mídia. Afinal, quem define o que é qualidade de mídia? Educação tem a ver com televisão, rádio ou internet? É possível educar crianças e adolescentes com a ajuda dos meios de comunicação? Os pais devem controlar o que chega aos olhos, aos ouvidos e às mãos de seus filhos? Meios de comunicação ajudam ou atrapalham a educação de jovens?
Não há como negar que as mídias tenham potencial para impactar significativamente seus públicos. Atualmente, várias crianças e adolescentes estão conectados com algum meio de comunicação durante boa parte de seu tempo, mas nem sempre expostos a conteúdos que se consideram recomendáveis.
A sociedade brasileira, a mais de uma década, vem discutindo o papel da televisão e da mídia, em geral, no âmbito da educação, e a qualidade da programação que é oferecida ao público, em particular aos jovens. Em jornais e revistas, congressos e seminários, esse tema tem sido uma grande preocupação, visto que crianças e jovens passam longas horas em frente à TV, uma de suas principais fontes de formação e informação.
Pensando nesse contexto, foi criado a mesa “ Crianças e Adolescentes na Mídia: um desafio à educação”, para refletir questões atuais, ambas degradadoras contra os jovens e adolescentes aqui em Pernambuco.
O QUE A MÍDIA TEM VEICULADO?
A televisão é um meio muito eficaz de divulgar a mensagem a um grande número de pessoas. O problema está em definir que tipo de mensagens, e para quem. Na prática, é qualquer mensagem para qualquer pessoa que esteja em frente ao aparelho de TV. E isto se torna preocupante, à medida que observamos que grande parte do público que assiste à televisão é formada por crianças e adolescentes, que são, justamente, os indivíduos mais vulneráveis nesse processo. A mídia torna-se indispensável na educação para a cidadania. Como parte da sociedade civil e do Estado tem um papel educativo e político na conquista da cidadania, sobretudo, quando dá visibilidade aos problemas e buscar apontar saída.
O DESPREPARO DE PROFISSIONAIS NA ABORDAGEM DAS NOTÍCIAS
É importante ressaltar que o enfoque dado pela mídia às notícias sobre a criança e o adolescente, na maioria, não passa do denuncismo, o que evidencia: a falta de clareza do respeito aos direitos humanos; a ausência de conhecimento dos instrumentos de proteção dos direitos da criança e do adolescente, por parte dos profissionais e das empresas de comunicação, e o uso restrito da notícia como fator de mercado.
A análise dos veículos de comunicação nos permite dizer que a precisão conceitual, no que diz respeito à temática em questão ainda é um problema nos textos jornalísticos. Em pesquisa feita já no ano de 2003, nos jornais da capital, já se percebia isso:
“a escolha imprecisa dos termos foi um dos principais problemas encontrados no material pesquisado. Boa parte da imprensa ainda utiliza a terminologia do antigo Código, extinto em 1989, para se referir à criança e adolescentes, principalmente nos casos de violência em que o menino ou menina é o agente”.¹
Exemplos:
* Grande parte da mídia não dá diferença conceitual entre jovem e adolescente. Percebemos, em alguns casos, que o texto faz referência implícita a adolescentes (7 a 12 anos incompletos), chamando-os comumente de jovens, ignorando assim os preceitos do ECA, que define como jovens a faixa etária de 18 a 24 anos.
* A expressão “menor” também é encontrada com freqüência nos textos analisados e nas manchetes das páginas do jornal, com nítida enunciação que reflete a herança do antigo Código de Menores, como no título a seguir: “Caratê ensina crianças: menores aprendem autocontrole”. Com mais freqüência o termo aparece associado, no caso do adolescente infrator, a expressões como “larápio” ou “delinqüente”, demonstrando uma nítida contradição em relação à legislação vigente:
“a Constituição e o Estatuto percebem a criança e o adolescente como seres em processo de amadurecimento de sua cidadania, à medida que vão se desenvolvendo, construindo sua vontade e expressando livremente suas opiniões acerca dos assuntos com eles relacionados” (PASTORELLI, 2001, p. 37).
O DESRESPEITO AO ESTATUTO E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL
O ART. 76 – “As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, no horário recomendado para o público infanto-juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas”.
Lei n° 8.069 de 13 de julho de 1990, pág 37 do ECA.
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação; III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
Constituição Federal – 1988
MÍDIA EDUCA, OU DESEDUCA?
Existem muitas questões pairando no ar a respeito de qualidade de mídia. Afinal, quem define o que é qualidade de mídia? Educação tem a ver com televisão, rádio ou internet? É possível educar crianças e adolescentes com a ajuda dos meios de comunicação? Os pais devem controlar o que chega aos olhos, aos ouvidos e às mãos de seus filhos? Meios de comunicação ajudam ou atrapalham a educação de jovens?
É prioritário que os jovens, seus pais e educadores, bem como os produtores de mídia para essa faixa etária, desenvolvam uma visão crítica em relação ao que estão assistindo, avaliando se têm acesso a uma televisão que os represente, preserve e defenda seus direitos e também lhes proporcione possibilidade de escolha.
A maior parte dos pais nem sabem o que os filhos assistem ou o que gostam, pois estão fora de casa. Devemos nos tornar alfabetizados em mídia, aprender e avaliar as ofertas de filmes em locadoras, aprender e entender um pouco sobre publicidade, orientar as crianças quanto àquela propaganda, o porquê daquelas imagens, enfim, devemos realmente discriminar os programas e insistir no que é melhor para nossos filhos.
PERSPECTIVAS FUTURAS
Porque não... uma Mídia educativa e cidadã.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É necessário estudar a força que a mídia exerce atualmente, veiculando modelos estereotipados de comportamentos e conceitos sociais. Isto se torna marcante quando o objeto e o alvo das mensagens são os adolescentes.
O estágio de desenvolvimento, que a experiência humana contemporânea atingiu, poderia de alguma forma, ser atribuído à quase onipresença da mídia. Percebe-se ser quase impossível escapar à sua presença. Passou-se a depender da mídia, tanto impressa como eletrônica, para fins de entretenimento e informação, de conforto e segurança.
Se for verdade que a cultura midiática opera, sobretudo moldando costumes, valores, gostos, desejos, modos de pensar e agir, além de constatar esse fato, é preciso agir sobre ele, tendo-se, no entanto, a clareza de que a mídia por si só não tem poder para intervir na subjetividade, mas sim o uso que se faz dela. Diante disto, um caminho seria investir na formação de um público exigente e crítico, um público “alfabetizado em mídia”. É preciso sim, reeducar a mídia, os profissionais precisam estar qualificados ao repassar as informações.
As crianças e os adolescentes, precisam se ver reconhecidos na mídia, não como mero fatos noticiosos, e sim como futuro de um amanhã. Essa palestra só veio enriquecer o seminário de 20 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente, numa perspectiva educativa, humanística e cidadã.
Mídia: O Segundo Deus de Tony Schwartz
Por: Cleyton Douglas Vital
Poder, onipresença, favoritismo e exclusividade. Esses são alguns dos atributos, que permite “Deus” está em todos os lugares ao mesmo tempo. Mas espera aí, e os veículos de comunicação, especificamente, o rádio e a tevê? Baseado nessa reflexão, Tony faz um comparativo, pois segundo ele, a TV está presente em quase 100% dos lares, e ao mesmo tempo, tem uma forte exclusividade perto de outros veículos. Mas comparar Deus com a mídia? É o que o professor Tony Schwartz faz em seu livro. Mas, me prendo aqui ao capítulo: Como Funcionam os Comerciais, para explicar um pouco desse processo, e entender mais a respeito dos 30 segundos que enfatiza sonhos.
O capítulo enfatiza o leitor, e mostra a força com a qual, a mídia eletrônica vem dando sentido satisfatório, ao conceito de vendas. O rádio e a TV são mídias que dividem espaços com grande parte da população, as vendas que se resumiam as pessoas conhecidas como ambulantes que batiam as portas e tentava convencer o cliente de uma forma bem persistente e cansativa, pois, era esse o modo que eles achavam de usar a persuasão e fazer o cliente optar pela compra. Ao contrário da TV e do rádio, que empregam as melhores pessoas para deixar o comercial impecável. O rádio e a TV transmitem emoção, estilo e muita qualidade com a venda de determinado produto. Ainda no capitulo podemos observar quando ainda as mercearias de bairros eram bastante frequentados. O atendente ficava atrás do balcão anotando os pedidos, e o estoque, ficava armazenado em local, que não se podia ver. Já através dos comerciais, são exibidos nomes, procedência, e até mesmo quantidade, se o alimento está em promoção, podemos observar até quando vai o período da liquidação.
Sabe-se também, que existem várias formas de se fazer comercial. Existe o comercial que de inicio mostra logo seu objetivo, usando da persuasão para que se crie uma necessidade não conhecida antes, fazendo-o escolher pela compra do produto ou objeto. Existem outros que funcionam como um labirinto, que no seu final, mostra com clareza o foco da apresentação. É muito mais fácil assimilar e prender atenção em um anúncio na TV, do que qualquer outro impresso. No impresso o anúncio só vai ser lido se for de interesse e da área do leitor, o que deixa mais distante a chegada de novos clientes para determinado produto.
O comercial está sempre na ativa, ele se tornou um grande criador de necessidades e causador de sonhos. Não podemos pular um comercial como folheamos uma página de revista ou de jornal, no momento em que estamos assistindo a nosso programa preferido, podemos nos desligar do comercial ao sair de frente da TV, ou se abaixar-mos o volume, mas a realidade é que o comercial vai estar lá funcionando do mesmo jeito. E o direito do telespectador, estará condicionado somente ao controle remoto? Existem comerciais que vão usar do lado sentimental das pessoas, fazendo que haja um reconhecimento no comercial, no ator, na atriz ou mesmo nas palavras doces. Sem falar que a forma explícita, e persuasiva não dará trégua ao passar a ideia de, o quanto será preciso determinado produto, para ser “A Pessoa”, ou se reconhecer como tal.
Anteriormente diversas formas de técnicas usadas em propaganda para a mídia eletrônica alteraram o papel da credibilidade do produto, frase esta em que se descreve a confiança do público-alvo. O capítulo mostra que os produtos não se chamavam sós por determinados produtos, o mesmo acompanhava a marca da empresa que produzia o produto em longo tempo no comercial, fatos que nos dias atuais, não funcionariam mais dessa forma. Entre as palavras usadas pelo autor, é revelado o aumento da credibilidade quando se opta pela espontaneidade de pessoas usuárias de determinado produto.
Tony explica a diferença entre uma atriz nunca usuária do produto, e de uma dona de casa que utiliza o produto diariamente, com certeza a dona de casa será mais espontânea e passara confiança para outras donas de casa do outro lado da TV, fazendo que o comercial alcançasse mais êxito nas vendas. O comercial eletrônico teve seu início com o rádio nos anos 30 e 40, momento em que, os sistemas de redes radiofônicos estavam no auge. Os publicitários consideravam o rádio um meio que poderia rapidamente atingir a grande massa, os satélites que agora podem exercer essa função ainda não existiam à época.
sábado, 19 de junho de 2010
Resenha dos Livros: Direitos do Telespectador – Eugênio Bucci e Manual de Radiojornalismo – Heródoto Barbeiro e Paulo Rodolfo Lima
Por: Cleyton Douglas Vital
A ética e o compromisso são fatores indispensáveis, para a perpetuação de um verdadeiro jornalista. Nos dias atuais, profissionais da comunicação – “jornalistas”, têm esquecido alguns aspectos morais e condizentes do campo, enveredando-se, por caminhos mais fáceis.
Questões éticas vêm sendo bastante discutidas na atualidade, e isso não nasceu hoje, a teóricos que já dispunha desse tema, em tempos atrás, e o fato, é da grande necessidade em se discutir esse tema. Jornalistas comprometidos com o bem coletivo, com a verdade, entendem que jornalismo é muito mais que uma profissão ou ciência, o campo jornalístico é uma arma, e essa arma, é o próprio jornalista quem decide, se usará para o bem, ou para o mal.
Alguns escritores como Heródoto e Bucci, defendem o campo, e explica que para exercer tais atividades, é necessário ser um verdadeiro profissional, e sendo esse verdadeiro profissional, fica impossível a aceitação da vulgarização no campo jornalístico, seja ele exercido, onde quer que seja.
“Manual de Radiojornalismo” e “Direitos do Telespectador”, nada mais é que um convite feito a se repensar esse campo hoje, balizando-se de alguns conceitos éticos e morais, mostrando formulas para que, o jornalista possa exercer seu papel, respeitando claro, que alguns critérios importantíssimos para com o telespectador e o ouvinte.
Bucci aborda o comprometimento ao telespectador, de forma bastante sucinta, é importante que o jornalista exerça seu papel sem grandes ruídos. Nessa lógica, Bucci cita alguns direitos essenciais do telespectador, e um deles é: “Ser informado de modo independente, recebendo os dados necessários para que forme sua própria opinião”.
Para embasar esse direito, me estendo ao livro “Decidindo o que é notícia” de Alfredo Vizeu, onde ele dá um grande destaque à Lacerda (1990), que vai dizer que “o jornalista é os olhos, a boca e o nariz da nação”, deixando claro que, esse profissional não pode influenciar e nem ser influenciado. A manipulação e a omissão das informações, podem-se caracterizar a “prostituição” do meio, e que a população precisa receber uma informação clara, para que possa formar sua própria opinião.
Respeito e direito, são eixos estruturadores do livro, afinal, do que vale ter direitos, se não puder garanti-los. A liberdade de expressão é fator primordial, o telespectador, tem o direito de poder escolher, o que entra, ou não, em sua casa. O artigo 221 da Constituição Federal deixa claro ao dizer que, os veículos de comunicação devem priorizar conteúdos educativos, artísticos e culturais, assim, haveria pluralidade, e a sociedade seria mais feliz.
Bucci explicita alguns conceitos, que o jornalista deve exercer. Em suas atividades, a ética e a moral, são fatores que precisam estar presente em toda atividade desse profissional. Heródoto vem na mesma linha que Bucci, tratando a importância da ética no meio comunicacional, formas de se fazer um jornalismo ético e respeitador, só que agora, com o foco em rádio. Heródoto Barbeiro e Paulo Rodolfo, fala um pouco do conceito do rádio, e não esconde a forma decadente que o meio vem sofrendo, devido ações de algumas pessoas. Tratando à ética como diferencial, Heródoto e Paulo, vão ainda mais além, e explica principais fatores e integram ao radiojornalista, adequações as características do veículo, e dizem que é preciso uma sintonia, o rádio é pra agora, e as informações precisam ser adequadas ao momento.
Os autores explicam que a notícia precisa ser clara, e mais objetiva possível, uma vez que, quem esteja do outro lado, tenha total absolvição da notícia, embora fazendo outras atividades. Os autores fazem ainda uma análise do rádio via internet, eles afirmam que com “o advento da internet, os aparelhos de rádio e televisão, como conhecemos hoje, vão desaparecer e passaram para o computador”. Heródoto diz que o rádio na web é um dos meios de comunicação, que integram um sistema multimídia, onde competem, televisão, jornais, revistas, filmes e arquivos produzidos em todos os países do mundo.
Para isso, os autores vão dizer que não é preciso está aplicados às mudanças, mas está preparados e aptos a produzirem não apenas som, mas textos, imagens e dados.
Nessa perspectiva, “Manual de radiojornalismo”, é um dicionário para todo o profissional radiojornalista, além de expressar a ética como fato principal do trabalho, possibilita dicas de como ter sucessos em reportagens, nas elaborações das pautas e na produção dos programas. Ambos os autores, tratam temas de grande importância para o campo da comunicação, ser jornalista é mais que um nome na praça, é fazer valer a pena seu poder, na luta por melhores dias para a sociedade.
BAIXARIA NA TV: descaso a sociedade
Por: Cleyton Douglas
"O homem nasceu livre, e em todos os lugares ele está acorrentado." Jean-Jacques Rousseau
Não se pode falar em TV sem que se estabeleça uma necessidade de reflexão sobre sua amplitude em cenários tão individualizados, onde na grande parte das vezes acabamos por ver um pequeno grupo comandando a maior e grande parte do outro, e isso, por interesses individuais, deixando-os no conformismo a não ter que lutar pelo que se quer e o que se espera.
Para o filósofo Rousseau, a igualdade deveria vir em primeiro lugar, como necessidade a priori para se chegar à liberdade (ROUSSEAU, JEAN-JACQUES, 1973).
Um dos pontos nas leis de comunicação é sobre o controle do conteúdo televisivo. Segundo o artigo 221 do capítulo V da Constituição de 1988, que remete ao poder do Estado intervir quando a programação das emissoras de TV e rádio não atenderem aos seguintes princípios:
"I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas: II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação; III – regionalização da produção cultural-artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família" (Constituição, 1988).
Relações amistosas entre as nações
A Constituição garante, portanto, o direito ao cidadão de se defender de programações que sejam contra o exposto no artigo 221, fornecendo meios legais para isso. Mas, não são todos que conhecem esse direito estabelecido por lei; a grande massa da população em Pernambuco, das classes D e E desconhecem esse direito, ou seja, não fazem uso dele, e com essas lacunas de controle social, as emissoras fazem o que querem fazer para ter o que querem.
Segundo Bernardo Toro, o que torna um sujeito cidadão "não é ter a carteira de identidade ou título de eleitor, mas a sua capacidade de gerar ou modificar a ordem social, ou seja, a sua capacidade de criar liberdade" (TORO, 2005, p.20).
Aqui, mostra-se como é imprescindível a compreensão acerca do conceito de "direitos humanos".
"O conjunto dos Direitos Humanos Fundamentais visam garantir ao ser humano, entre outros, o respeito ao seu direito à vida, à liberdade, à igualdade e à dignidade; bem como ao pleno desenvolvimento da sua personalidade. Eles garantem a não ingerência do Estado na esfera individual, e consagram a dignidade humana. Sua proteção deve ser reconhecida positivamente pelos ordenamentos jurídicos nacionais e internacionais" (DHNET, 2009, p.2)
A escritora Toledo (in Direitos Humanos no Cotidiano, 2001, p.19) considera que o "reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis são o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo". Toledo (in Direitos Humanos no Cotidiano, 2001) diz ainda que é essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão, considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações.
Um direito para degradação de outros
Dentre os Direitos Humanos fundamentais, alguns são bastante trabalhados e destacados. O primeiro é a "imprescritibilidade",que trata do fato dos direitos humanos fundamentais não se perderem pelo decurso de prazo, pois, são permanentes; o segundo é a "inalienabilidade", que garante que os direitos humanos fundamentais não se transfiram de uma para outra pessoa, seja gratuitamente ou mediante pagamento; o terceiro é a "irrenunciabilidade", que explica que os direitos humanos não são renunciáveis, não se pode exigir de ninguém que renuncie à vida nem que vá para prisão no lugar de outro em favor dessa pessoa; o quarto é a "inviolabilidade", que diz que nenhuma lei é infraconstitucional, pois os direitos de outros não podem ser desrespeitados por nenhuma autoridade sob pena de responsabilização civil, administrativa e criminal.
"O homem é um animal político que nasce num grupo social, a família, e aperfeiçoa sua própria natureza naquele grupo social maior, auto-suficiente por si mesmo, que é a polis; e, ao mesmo tempo, era necessário que se considerasse o indivíduo em si mesmo, fora de qualquer vínculo social e político, num estado, como o estado de natureza" (BOBBIO, 1992, p.117).
A promoção e a proteção dos direitos humanos, além de estabelecidas na Constituição, são compromissos firmados internacionalmente pelo Brasil. Se esses direitos são agredidos, cabe ao Estado agir diante das violações, inclusive se forem praticadas pelos meios de comunicação.
Os Direitos Humanos dão aos indivíduos o acesso e o passaporte de reconhecimento como tais. Por meio dos direitos humanos, consolidam-se fundamentos e argumentos valiosos e determinantes para uma melhor vivência em sociedade por parte dos indivíduos.
Lucena (2004) em seu vídeo documentário Baixaria na TV explica que "o exercício da liberdade de expressão não pode violar outros direitos humanos". Existem pessoas que se asseguram do direito de liberdade de expressão para degradação de outros direitos, estabelecidos como prioridade para uma organização social do bem coletivo.
Criança também tem direitos
Quando se trata do universo infantil no que diz respeito aos direitos humanos, o Art. 76 da lei 8.069, do Estatuto da Criança e do Adolescente (2001, p.18) diz que as "emissoras de rádio e televisão somente exibirão, no horário recomendado para o público infanto-juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas". O Estatuto (2001, p.37) prega ainda que "é dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor".
O Estatuto da Criança e do Adolescente é contra todo e qualquer movimento que promova atos vexatórios e de caráter discriminatório. Iguais ao Estatuto existem outras normas que defendem questões humanistas de caráter positivo para a sociedade. O art. 3º da Constituição Federal (1824, p.32) é claro e objetivo quando diz que se deve "promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outra forma de discriminação".
Na imprensa, existe uma lei que se põe contra todos e qualquer programa que use como promoção atos de apologia de algum fato criminoso ou de autores de crimes. Se isso acontecer, existe uma pena de detenção que vai de três meses a um ano ou multa de vinte salários mínimos da região.
A brutalidade na hora do almoço
Assim como em outros estados do Brasil, o descaso da mídia com a sociedade acontece de forma explícita em Pernambuco. A TV, que deveria dar prioridade a programas com finalidades educativas, tem perpassado outros caminhos, promovendo assustadoramente a depreciação dos meios.
Infelizmente, em um horário que é sagrado para grande parte da família pernambucana, "o almoço", momento em que os indivíduos que integram determinada família, na condição de mãe, pai e filhos, têm recebido conteúdos impróprios, muita das vezes, essas pessoas estão consumindo cada vez mais fartamente a satirização das periferias e de forma explícita, aprendendo como promover a discriminação e o preconceito, momento esse podendo ser intitulado como "a brutalidade na hora do almoço".
Entre tantos programas aqui em Pernambuco, dois se destacam no quesito referência de baixaria na TV e o descumprimento a lei. O primeiro é o Papeiro da Cinderela, interpretado pelo ator e apresentador Jaison Walace; o outro é o Bronca Pesada, apresentado pelo jornalista e apresentador Cardinot.
O Papeiro da Cinderela ,que vai ao ar de segunda à sexta das 11h30 às 12h, e no sábado às 13h, com a reprise da semana, na TV Jornal afiliada ao Sistema Brasileiro de Televisão – SBT.
Seu personagem incorpora uma Cinderela bastante pornográfica e desrespeitosa que surgiu de um grupo de amigos que se juntaram para brincar de fazer teatro, ganhando assim o nome de "Trupe do Barulho". O grande reconhecimento foi dado ao personagem com a peça "Cinderela a história que sua mãe não contou".
Os quadros do programa chegam a ferir grupos e classes – uma das mais ridicularizadas são as classes gays com brincadeiras de muito mau gosto e desrespeitosas. A satirização dos bairros é bastante vista no programa. Lugares como Brasília Teimosa e Coque, são alguns dos alvos desse personagem conhecidos em seu programa como os bairros do "pei, pei, pei" (tiros). O programa que promove o preconceito desrespeita as leis e fere princípios sociais, está no ar há mais de sete anos, e qual a resposta para essa pergunta?
Já o Bronca Pesada, apresentado pelo então jornalista e apresentador Cardinot, vai ao ar de segunda a sexta-feira em dois horários, o primeiro, às 6h, da manhã e o segundo às 12h45 da tarde. O programa é recheado de violações aos direitos humanos, é o verdadeiro jornalismo policialesco e o que o apresentador sabe fazer de verdade é depreciar e humilhar os indivíduos que têm a necessidade de resoluções de alguns problemas. Em troca, o apresentador oferece muitas vezes comentários obscenos e desrespeitosos, se divertindo da desgraça alheia. O programa Bronca Pesada mostra da forma mais cruel a violência, os assassinatos acometido aqui no estado de Pernambuco é aberto para todo telespectador, inclusive as crianças sem nenhum aparate pedagógico.
O passado e o futuro estão ligados
É dessa forma que a TV tem se representado para a grande sociedade. Quando esses códigos de ética e leis não são respeitados, é aí que a sociedade fica exposta a qualquer programação, inclusive não permitindo haver um senso crítico nem de interação e de participação.
Edgar Rebouças explica que, da ONG TVer surgiu a base para o grupo Ética na TV, coordenado pelo então presidente da comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados de São Paulo, que lançou a campanha título deste capítulo (REBOUÇAS, EDGAR, 2003).
A campanha era uma das respostas da sociedade à queda da qualidade da programação da televisão comercial. "Quem financia a baixaria é contra a cidadania" surgiu com o foco mais específico de responsabilizar as empresas patrocinadoras dos programas considerados ofensivos à dignidade humana, denunciando-os como financiadores de ações contra a cidadania (REBOUÇAS, EDGAR, 2003).
A preocupação de muito desses autores ou especialistas, no Brasil como em Pernambuco, é saber como o conteúdo dos programas e da publicidade está influenciando as atitudes, crenças, comportamento e ações das crianças. Popper explica a respeito:
"A televisão vive no presente, não respeita o passado e revela pouco interesse sobre o futuro. Ao crianças a viverem isolados do passado e do futuro, a televisão exerce uma influência desastrosa. Uma das funções principais da educação, tanto em casa como na escola, é mostrar como o passado e o futuro estão ligados, como o presente decorre dos acontecimentos passados e como o futuro se relaciona com ambos" (POPPER,1995, p.47)
O capitalismo e o individualismo
Nos dias de hoje, o debate da mídia sobre a audiência é um dos temas mais importantes na sociedade. A briga por audiência e a luta pelo Ibope, não trazem nenhum benefício para a sociedade, embora, algumas emissoras de TV, se manifestem dizendo que a concorrência, é uma ação benéfica para a melhoria do setor.
Aqui em Pernambuco, é notória a semelhança na grade dos programas, em sua grande maioria, esses programas nivelam por baixaria, em uma corrida desenfreada para se obter o resultado, que parte para o lado economicamente falando, chegando muitas vezes a apelação. Para ter a estimativa de uma grande quantidade de espectadores que estão naquele exato momento assistindo a programas. Nelson Hoineff deixa claro quando diz que:
"(...) pesquisas de audiência não indicam o que o espectador gostaria de ver; apenas registram para onde ele se inclinou em função do cardápio oferecido no instante da mediação. Aferem reações, os que nada tem a ver com expectativas, são limitadas pelo próprio conjunto das ofertas televisivas. O espectador deixa de perceber que o seu leque de possibilidades transcende o repertório em relação ao qual sua resposta está sendo medida" (NELSON, HOINEFF, 2001).
É por essas e outras que é preciso despertar o sentimento de criticidade na sociedade pernambucana. O capitalismo está aí, e hoje ele é um dos grandes causadores da banalização e do alto nível de baixaria constituído pela TV pernambucana. Para o processo de comunicação ser realizado, é necessário que haja dois personagens no cenário proposto, o emissor (que passa a informação) e o receptor (que a recebe). Mas para que haja entendimento entre um indivíduo e o outro, é preciso que se estabeleça a mensagem, que vai ser o elemento crucial nesse processo.
No processo comunicacional, existem interferências e as mesmas podem ser chamadas de ruídos. A TV exerce um forte poder de conformação na vida do espectador e os conteúdos mal elaborados só fazem com que a sociedade esteja presa a esse círculo, onde os principais focos são o capitalismo e o individualismo, que fazem dos líderes dessas TVs, pessoas imbatíveis e sem consciência.
"O homem nasceu livre, e em todos os lugares ele está acorrentado." Jean-Jacques Rousseau
Não se pode falar em TV sem que se estabeleça uma necessidade de reflexão sobre sua amplitude em cenários tão individualizados, onde na grande parte das vezes acabamos por ver um pequeno grupo comandando a maior e grande parte do outro, e isso, por interesses individuais, deixando-os no conformismo a não ter que lutar pelo que se quer e o que se espera.
Para o filósofo Rousseau, a igualdade deveria vir em primeiro lugar, como necessidade a priori para se chegar à liberdade (ROUSSEAU, JEAN-JACQUES, 1973).
Um dos pontos nas leis de comunicação é sobre o controle do conteúdo televisivo. Segundo o artigo 221 do capítulo V da Constituição de 1988, que remete ao poder do Estado intervir quando a programação das emissoras de TV e rádio não atenderem aos seguintes princípios:
"I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas: II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação; III – regionalização da produção cultural-artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família" (Constituição, 1988).
Relações amistosas entre as nações
A Constituição garante, portanto, o direito ao cidadão de se defender de programações que sejam contra o exposto no artigo 221, fornecendo meios legais para isso. Mas, não são todos que conhecem esse direito estabelecido por lei; a grande massa da população em Pernambuco, das classes D e E desconhecem esse direito, ou seja, não fazem uso dele, e com essas lacunas de controle social, as emissoras fazem o que querem fazer para ter o que querem.
Segundo Bernardo Toro, o que torna um sujeito cidadão "não é ter a carteira de identidade ou título de eleitor, mas a sua capacidade de gerar ou modificar a ordem social, ou seja, a sua capacidade de criar liberdade" (TORO, 2005, p.20).
Aqui, mostra-se como é imprescindível a compreensão acerca do conceito de "direitos humanos".
"O conjunto dos Direitos Humanos Fundamentais visam garantir ao ser humano, entre outros, o respeito ao seu direito à vida, à liberdade, à igualdade e à dignidade; bem como ao pleno desenvolvimento da sua personalidade. Eles garantem a não ingerência do Estado na esfera individual, e consagram a dignidade humana. Sua proteção deve ser reconhecida positivamente pelos ordenamentos jurídicos nacionais e internacionais" (DHNET, 2009, p.2)
A escritora Toledo (in Direitos Humanos no Cotidiano, 2001, p.19) considera que o "reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis são o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo". Toledo (in Direitos Humanos no Cotidiano, 2001) diz ainda que é essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão, considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações.
Um direito para degradação de outros
Dentre os Direitos Humanos fundamentais, alguns são bastante trabalhados e destacados. O primeiro é a "imprescritibilidade",que trata do fato dos direitos humanos fundamentais não se perderem pelo decurso de prazo, pois, são permanentes; o segundo é a "inalienabilidade", que garante que os direitos humanos fundamentais não se transfiram de uma para outra pessoa, seja gratuitamente ou mediante pagamento; o terceiro é a "irrenunciabilidade", que explica que os direitos humanos não são renunciáveis, não se pode exigir de ninguém que renuncie à vida nem que vá para prisão no lugar de outro em favor dessa pessoa; o quarto é a "inviolabilidade", que diz que nenhuma lei é infraconstitucional, pois os direitos de outros não podem ser desrespeitados por nenhuma autoridade sob pena de responsabilização civil, administrativa e criminal.
"O homem é um animal político que nasce num grupo social, a família, e aperfeiçoa sua própria natureza naquele grupo social maior, auto-suficiente por si mesmo, que é a polis; e, ao mesmo tempo, era necessário que se considerasse o indivíduo em si mesmo, fora de qualquer vínculo social e político, num estado, como o estado de natureza" (BOBBIO, 1992, p.117).
A promoção e a proteção dos direitos humanos, além de estabelecidas na Constituição, são compromissos firmados internacionalmente pelo Brasil. Se esses direitos são agredidos, cabe ao Estado agir diante das violações, inclusive se forem praticadas pelos meios de comunicação.
Os Direitos Humanos dão aos indivíduos o acesso e o passaporte de reconhecimento como tais. Por meio dos direitos humanos, consolidam-se fundamentos e argumentos valiosos e determinantes para uma melhor vivência em sociedade por parte dos indivíduos.
Lucena (2004) em seu vídeo documentário Baixaria na TV explica que "o exercício da liberdade de expressão não pode violar outros direitos humanos". Existem pessoas que se asseguram do direito de liberdade de expressão para degradação de outros direitos, estabelecidos como prioridade para uma organização social do bem coletivo.
Criança também tem direitos
Quando se trata do universo infantil no que diz respeito aos direitos humanos, o Art. 76 da lei 8.069, do Estatuto da Criança e do Adolescente (2001, p.18) diz que as "emissoras de rádio e televisão somente exibirão, no horário recomendado para o público infanto-juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas". O Estatuto (2001, p.37) prega ainda que "é dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor".
O Estatuto da Criança e do Adolescente é contra todo e qualquer movimento que promova atos vexatórios e de caráter discriminatório. Iguais ao Estatuto existem outras normas que defendem questões humanistas de caráter positivo para a sociedade. O art. 3º da Constituição Federal (1824, p.32) é claro e objetivo quando diz que se deve "promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outra forma de discriminação".
Na imprensa, existe uma lei que se põe contra todos e qualquer programa que use como promoção atos de apologia de algum fato criminoso ou de autores de crimes. Se isso acontecer, existe uma pena de detenção que vai de três meses a um ano ou multa de vinte salários mínimos da região.
A brutalidade na hora do almoço
Assim como em outros estados do Brasil, o descaso da mídia com a sociedade acontece de forma explícita em Pernambuco. A TV, que deveria dar prioridade a programas com finalidades educativas, tem perpassado outros caminhos, promovendo assustadoramente a depreciação dos meios.
Infelizmente, em um horário que é sagrado para grande parte da família pernambucana, "o almoço", momento em que os indivíduos que integram determinada família, na condição de mãe, pai e filhos, têm recebido conteúdos impróprios, muita das vezes, essas pessoas estão consumindo cada vez mais fartamente a satirização das periferias e de forma explícita, aprendendo como promover a discriminação e o preconceito, momento esse podendo ser intitulado como "a brutalidade na hora do almoço".
Entre tantos programas aqui em Pernambuco, dois se destacam no quesito referência de baixaria na TV e o descumprimento a lei. O primeiro é o Papeiro da Cinderela, interpretado pelo ator e apresentador Jaison Walace; o outro é o Bronca Pesada, apresentado pelo jornalista e apresentador Cardinot.
O Papeiro da Cinderela ,que vai ao ar de segunda à sexta das 11h30 às 12h, e no sábado às 13h, com a reprise da semana, na TV Jornal afiliada ao Sistema Brasileiro de Televisão – SBT.
Seu personagem incorpora uma Cinderela bastante pornográfica e desrespeitosa que surgiu de um grupo de amigos que se juntaram para brincar de fazer teatro, ganhando assim o nome de "Trupe do Barulho". O grande reconhecimento foi dado ao personagem com a peça "Cinderela a história que sua mãe não contou".
Os quadros do programa chegam a ferir grupos e classes – uma das mais ridicularizadas são as classes gays com brincadeiras de muito mau gosto e desrespeitosas. A satirização dos bairros é bastante vista no programa. Lugares como Brasília Teimosa e Coque, são alguns dos alvos desse personagem conhecidos em seu programa como os bairros do "pei, pei, pei" (tiros). O programa que promove o preconceito desrespeita as leis e fere princípios sociais, está no ar há mais de sete anos, e qual a resposta para essa pergunta?
Já o Bronca Pesada, apresentado pelo então jornalista e apresentador Cardinot, vai ao ar de segunda a sexta-feira em dois horários, o primeiro, às 6h, da manhã e o segundo às 12h45 da tarde. O programa é recheado de violações aos direitos humanos, é o verdadeiro jornalismo policialesco e o que o apresentador sabe fazer de verdade é depreciar e humilhar os indivíduos que têm a necessidade de resoluções de alguns problemas. Em troca, o apresentador oferece muitas vezes comentários obscenos e desrespeitosos, se divertindo da desgraça alheia. O programa Bronca Pesada mostra da forma mais cruel a violência, os assassinatos acometido aqui no estado de Pernambuco é aberto para todo telespectador, inclusive as crianças sem nenhum aparate pedagógico.
O passado e o futuro estão ligados
É dessa forma que a TV tem se representado para a grande sociedade. Quando esses códigos de ética e leis não são respeitados, é aí que a sociedade fica exposta a qualquer programação, inclusive não permitindo haver um senso crítico nem de interação e de participação.
Edgar Rebouças explica que, da ONG TVer surgiu a base para o grupo Ética na TV, coordenado pelo então presidente da comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados de São Paulo, que lançou a campanha título deste capítulo (REBOUÇAS, EDGAR, 2003).
A campanha era uma das respostas da sociedade à queda da qualidade da programação da televisão comercial. "Quem financia a baixaria é contra a cidadania" surgiu com o foco mais específico de responsabilizar as empresas patrocinadoras dos programas considerados ofensivos à dignidade humana, denunciando-os como financiadores de ações contra a cidadania (REBOUÇAS, EDGAR, 2003).
A preocupação de muito desses autores ou especialistas, no Brasil como em Pernambuco, é saber como o conteúdo dos programas e da publicidade está influenciando as atitudes, crenças, comportamento e ações das crianças. Popper explica a respeito:
"A televisão vive no presente, não respeita o passado e revela pouco interesse sobre o futuro. Ao crianças a viverem isolados do passado e do futuro, a televisão exerce uma influência desastrosa. Uma das funções principais da educação, tanto em casa como na escola, é mostrar como o passado e o futuro estão ligados, como o presente decorre dos acontecimentos passados e como o futuro se relaciona com ambos" (POPPER,1995, p.47)
O capitalismo e o individualismo
Nos dias de hoje, o debate da mídia sobre a audiência é um dos temas mais importantes na sociedade. A briga por audiência e a luta pelo Ibope, não trazem nenhum benefício para a sociedade, embora, algumas emissoras de TV, se manifestem dizendo que a concorrência, é uma ação benéfica para a melhoria do setor.
Aqui em Pernambuco, é notória a semelhança na grade dos programas, em sua grande maioria, esses programas nivelam por baixaria, em uma corrida desenfreada para se obter o resultado, que parte para o lado economicamente falando, chegando muitas vezes a apelação. Para ter a estimativa de uma grande quantidade de espectadores que estão naquele exato momento assistindo a programas. Nelson Hoineff deixa claro quando diz que:
"(...) pesquisas de audiência não indicam o que o espectador gostaria de ver; apenas registram para onde ele se inclinou em função do cardápio oferecido no instante da mediação. Aferem reações, os que nada tem a ver com expectativas, são limitadas pelo próprio conjunto das ofertas televisivas. O espectador deixa de perceber que o seu leque de possibilidades transcende o repertório em relação ao qual sua resposta está sendo medida" (NELSON, HOINEFF, 2001).
É por essas e outras que é preciso despertar o sentimento de criticidade na sociedade pernambucana. O capitalismo está aí, e hoje ele é um dos grandes causadores da banalização e do alto nível de baixaria constituído pela TV pernambucana. Para o processo de comunicação ser realizado, é necessário que haja dois personagens no cenário proposto, o emissor (que passa a informação) e o receptor (que a recebe). Mas para que haja entendimento entre um indivíduo e o outro, é preciso que se estabeleça a mensagem, que vai ser o elemento crucial nesse processo.
No processo comunicacional, existem interferências e as mesmas podem ser chamadas de ruídos. A TV exerce um forte poder de conformação na vida do espectador e os conteúdos mal elaborados só fazem com que a sociedade esteja presa a esse círculo, onde os principais focos são o capitalismo e o individualismo, que fazem dos líderes dessas TVs, pessoas imbatíveis e sem consciência.
Rede de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes repudia estréia de programa da TV Nova.
A Rede de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no Estado de Pernambuco vem REPUDIAR veementemente a decisão da TV NOVA NORDESTE em incluir na sua grade de programação o apresentador DENNY OLIVEIRA que é acusado de abusar sexualmente de crianças e adolescentes na época em que trabalhava na TV Jornal no ano de 2006. Atualmente, Denny Oliveira encontra-se respondendo a processo na Vara de Crimes contra Crianças e Adolescentes da Capital, por ter violentado sexualmente 2 (duas) adolescentes e 1 (uma) criança, a época dos fatos.
Repudiamos também a demora da Justiça Pernambucana no processamento deste feito, permitindo que um abusador desta natureza encontre-se impune. Essa atitude da TV NOVA NORDESTE (uma empresa privada, mas que possui concessão pública para utilizar o Canal 22 UHF) em lançar o Programa Denny Oliveira Show no dia 17 de Maio, as vésperas do Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes (18 de Maio) é uma afronta à sociedade pernambucana.
Texto extraído do próprio site.
PARA QUEM DESEJA FAZER JORNALISMO DE FORMA ÉTICA
Por: Cleyton Douglas Vital e Everaldo Costa Santana
Artigo publicado no site do Observatório de Imprensa e no Direito Humano à Comunicação.
Mídia, crise política e poder no Brasil, de Venício A. Lima, Decidindo o que é notícia: os bastidores do telejornalismo, de Alfredo Vizeu e Showrnalismo: A notícia como espetáculo, de José Arbex
PARA QUEM DESEJA FAZER JORNALISMO DE FORMA ÉTICA
Uma das principais características do jornalismo no Brasil é a manipulação da informação que resulta na dominação da realidade. De acordo com teorias ligadas ao campo jornalístico, os profissionais inseridos no sistema midiático deveriam trabalhar sob a ótica da isenção e da objetividade de modo a garantir pluralidade e diversidade de opiniões na sociedade. Porém, ao se autodenominar formadora e porta-voz da opinião pública em meio a uma realidade histórica construída sob ilegalidades, a mídia no Brasil sufoca as diferentes visões, elimina o pensamento crítico e, consequentemente, suprime a democracia.
O trabalho aqui proposto tem como objetivo mostrar um pouco do conceito tratado por Venício Lima, em Mídia: Crise política e poder no Brasil, e também por Alfredo Vizeu, em Decidindo o que é notícia: os bastidores do telejornalismo. Pode-se dizer com certeza, que ambos os livros são pontos de parada obrigatória para quem deseja fazer jornalismo, mas não fazer de qualquer jeito, e sim, vivê-lo, exercendo-o de forma ética.
Venício Lima divide o livro em três partes e seis capítulos, instigando o que o próprio autor se dedica a estudar: o poder exacerbado da mídia, a manipulação, a concentração e a exclusividade da mídia televisiva.
DIREITOS BÁSICOS DO TELESPECTADOR
O capítulo 1, intitulado "Presunção de culpa: A cobertura da crise política de 2005/2006", como o próprio tema já mostra, trabalha a relação da mídia com a política. O autor faz uma análise, de certa forma plural, da cobertura realizada por grandes veículos de comunicação em meio à crise política. Venício vai buscar fontes muito seguras para explicar o conceito de Escândalos Políticos Midiáticos (EPM), como a definição dada por Thompson ao dizer que todo escândalo político midiático para acontecer precisa está ligado à mídia. Venício Lima descreve e diz que "o que está em jogo, portanto, num EPM, é o capital simbólico do político, sobretudo sua reputação". Para enfatizar ainda mais suas palavras, diz que Escândalo Político Midiático nada mais é do que "o evento que implica a revelação, através da mídia, de atividades previamente ocultadas e moralmente desonrosas, desencadeando uma sequência de ocorrências posteriores".
A forma com a qual o escritor cita alguns exemplos para embasar seu pensamento, pode-se afirmar, atitudes incoerentes de alguns profissionais do jornalismo. E para dar embasamento a esta reflexão, Venício Lima, chega até O poder simbólico (1989, p.189) quando Bourdieu vai se referir, especificamente, a esse profissional "jornalista", como "detentor de um poder sobre os instrumentos de comunicação de massa que lhe dá um poder sobre toda a espécie de capital simbólico – o poder de fazer e desfazer reputações".
Em Direitos do telespectador, quando Eugênio Bucci cita alguns fatores essenciais, cabíveis aos jornalistas em não praticá-los, preservando direitos básicos do telespectador. "Concessão pública, o canal de TV deve estar proibido de sonegar fatos de relevância pública evidente. Da mesma forma, deve estar proibido de empregar sua influência junto ao público com finalidades partidárias."
NOTÍCIA É ADAPTADA ÀS NORMAS MERCADOLÓGICAS
O que nos parece é que esses preceitos não ficaram muito claros para alguns profissionais do campo, já que no capítulo 3, Venício Lima, destaca uma citação feita pelo diretor-presidente da TV Globo, Roberto Marinho, hoje falecido, no ano de 1987. "Sim, eu uso o poder [da Globo], mas eu sempre faço isso patrioticamente, tentando corrigir as coisas, buscando os melhores caminhos para o país e seus estados" (p. 65). Não é isso que deveria acontecer na grande mídia, mas, infelizmente, esse mal persiste até os dias atuais.
Em Decidindo o que é notícia: Os bastidores do telejornalismo, o professor e jornalista Alfredo Vizeu, ao analisar as rotinas de produção de alguns telejornais do país, observa que os meios de comunicação seguem uma lógica distinta da responsabilidade social e do compromisso com o público – princípios que deveriam nortear a atividade e a dignidade moral do profissional ligado à atividade jornalística. Na verdade, incorporada a lógica político-econômica, a mídia satisfaz os interesses e perpetua os privilégios de poucos, violando, dessa forma, os direitos da maioria.
Em seu livro, Vizeu destaca que no Brasil a relação capitalista entre informação e mediação fez surgir uma dependência mercadológica responsável por subordinar a mensagem à política editorial da empresa. Dessa forma, citando o jornalista e estudioso Ciro Marcondes Filho, o autor aponta as atuais características da informação transmitida com base nesse pressuposto:
"Notícia é a informação transformada em mercadoria com todos os seus apelos estéticos, emocionais, sensacionais; para isso, a informação sobre um tratamento que a adapta às normas mercadológicas de generalização, padronização, simplificação e negação do subjetivismo" (Vizeu, p.69).
OPINIÃO PRIVADA TORNADA PÚBLICA
A ausência/ineficiência de uma legislação contribui com essa realidade ao propiciar a propriedade privada e sustentar a concentração do sistema de mídia nas mãos de políticos e empresários preocupados com a manutenção do status quo. Tendo os políticos como os principais concessionários de rádio e televisão, os setores especializados na produção de informação respondem somente aos interesses dessa categoria, ou melhor, aos interesses particulares do proprietário da empresa em detrimento às responsabilidades frente à sociedade.
Como afirma Venício Lima em Mídia, crise política e poder no Brasil, o sistema de comunicação no país se baseia em determinados aspectos que, ao tentar camuflar os interesses dos grupos dominantes, expõem o poder e a atuação da mídia junto a esses grupos. Inspirado na combinação de fatores econômicos, políticos e jornalísticos, Venício constrói teses para definir esse sistema. Entre elas, as de que a mídia ocupa posição de centralidade nas sociedades contemporâneas, permeando diferentes processos e esferas da atividade humana ou, em particular, a espera da política; exerce várias das funções tradicionais dos partidos políticos; alterou radicalmente as campanhas eleitorais. Em outras palavras, ainda com base nas teses do autor, a mídia se transformou em importante ator político, tornando impossível a existência de uma política nacional sem a sua intervenção.
Atualmente, a política ocorre na mídia e através dela. Debates, pronunciamentos, campanhas são mediados e atrelados a interesses específicos que, em alguns casos (como já ocorreu no Brasil), podem provocar distorções/manipulações no conteúdo. Como afirma Venício Lima:
"Há uma perigosa confusão entre as esferas privada e pública. A liberdade de imprensa garante que empresas privadas de mídia expressem seus pontos de vista sobre os assuntos públicos, mas eles serão sempre apenas o que são: opinião privada tornada pública, e não opinião pública." (Lima, p. 46).
JORNALISMO É SUPRIMIDO POR POLÍTICA EDITORIAL
Concluindo as teses que assinalam para essa comunicação unidirecional, centralizada, integrada e padronizada, Lima destaca mais dois pontos que permitiram a propagação dessa realidade injusta e antidemocrática e que ainda a potencializam: a característica histórica de uma legislação ineficaz e sem fiscalização que admite a formação da propriedade cruzada, e as características específicas de uma população sem o domínio da leitura e da escrita e que tem como principal meio de informação e entretenimento a televisão.
Já Showrnalismo vai mostrar que, cada vez mais, um número menor de corporações detém o poder de decidir o que é e o que não é notícia. Cada vez mais, uma minoria tem desempenhado o poder de subjugar uma maioria por meio da produção e da transmissão de conteúdos que lhes são convenientes. No processo de industrialização da informação, as sociedades passaram a viver sob uma lógica capitalista de produção de conteúdo que transformou o campo jornalístico em um meio lucrativo e importante à manutenção do status quo através da circulação do mesmo e, consequentemente, da alienação pela ausência de pluralidade.
Com base nesse contexto social, o jornalista José Arbex Jr., por meio de argumentos teóricos e exemplos práticos que os reforçam, aponta para a situação que, atualmente, impera no jornalismo: a espetacularização da notícia. Atrelada a interesses políticos e econômicos dos priprietários de mídia, a informação adquire um caráter mercadológico que a distancia das questões sociais, culturais e educativas. Em outras palavras, a lógica do capital-informação distancia o fazer jornalítico dos princípios morais, das responsabilidades éticas e do compromisso junto ao público. Citando como exemplo a essa realidade determinados conteúdos brasileiros e relatando algumas experiências como repórter da Folha de S.Paulo, o autor destaca como o jornalismo é, muitas vezes, suprimido por uma política editorial que, na verdade, está ligada a uma política empresarial.
A POSSIBILIDADE DE ESCAPAR AO "DISCURSO ÚNICO"
Ao iniciar o livro com o capítulo "Memórias e Histórias", Arbex aborda temas como a linguagem televisiva, o império dominado pelas corporações e a industrialização do conteúdo noticioso, expondo ao leitor situações reais, em que, na busca pela audiência, a televisão ultrapassa os limites entre ficção e realidade. Nesse ponto, citando Jean Baudrillard, diz que o desaparecimento entre essas fronteiras dá à mídia não apenas a capacidade de criar fatos, mas também de criar a opinião pública sobre os fatos que ela mesmo gerou, trasnformando essa opinião em mero somulacro.
"Esse mecanismo de fabricação de opinião simula a democracia: aperentemente, a opinião divulgada pela mídia interfere no curso dos acontecimentos, dando a ilusão de que o público foi levado em consideração. Na realidade, os indivíduos permanecem isolados [...] sendo virtualmente unificados pela mídia, mas sem terem exercido qualquer interlocução" (Arbex, p. 56).
Entre os diversos exemplos citados, estão as coberturas internacionais. Entre elas, a da guerra do Golfo em que a CNN transmitiu ao mundo uma realidade forjada sob os interesses da política externa norte-americana.
Sobre a transformação dos fatos em notícias, o autor trabalha a idéia de que os conteúdos veiculados pelos meios de comunicação não são frutos de critérios pré-definidos de acordo com conceitos jornalísticos, mas sim o resultado final do pacto de cumplicidade entre mídia e mercado. Arbex, aponta que são as grandes corporações que elaboram e disseminam discursos e interpretações que reforçam diariamente a ideologia desse império oligopolizado. "A fonte emissora da informação é única, centralizada, estruturada como indústria, ao passo que os destinatários da informação são um número imenso de seres humanos nas mais distintas regiões" (2001:114).
Sem limites para a construção de fatos-notícia, os meios de comunicação participam de um "consenso fabricado" baseado nos preconceitos e na ignorância intelectual, em que as tecnologias da informação tornam, aparentemente, visíveis determinados aspectos do real sem de fato nada revelar. Como afirma o autor, a engenharia do consenso opera de modo mais sutil e eficaz do que a censura, já que seus pressupostos são os próprios preconceitos e convicções dos indivíduos.
Showrnalismo: A notícia como espetáculo é um livro que critica a mídia e o sensacionalismo. Seu ojetivo é revelar ao público aspectos de um jornalismo que vulgariza a notícia em favor da audiência e que abandona o princípio de isenção em favor de interesses particulares. Ao destacar que os meios de comunicação se transformaram em sinônimo de megainvestimento, Arbex chama atenção para a necessidade do controle crítico a partir da organização da sociedade civil.
"Apenas a interlocução pode criar um espaço de liberdade que permite, em tese, construir uma perspectiva de narração da história escrita pelas elites e imposta por uma mídia monodiscursiva. A memória dos fatos narrada por outras vozes é a possibilidade de escapar ao `discurso único´, à versão pasteurizada e propagada pelas elites" (Arbex, p. 271).
AINDA BEM QUE O SOL E A LUA SE ENTENDEM Pelo o menos, é o que se parece.
Resenha Crítica do filme: Um lugar ao sol
Por Cleyton Douglas Vital
Em um lugar ao sol, o diretor pernambucano Gabriel Mascaro, apresenta o desafio de quebrar paradigmas de filmes brasileiros, e apimentar o mundo da higth society tão pouco explorado. O longa-metragem teve o embasamento de um livro, que narra pessoas influentes na sociedade brasileira, nele, estão catalogados depoimentos de 125 proprietários de coberturas de luxo em Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, onde desse aglomerado, apenas nove moradores concordaram em dar depoimentos para o documentário.
Um lugar ao sol, permite um debate sobre visibilidade, poder, insegurança, status e a presença, cada vez mais forte, de uma paisagem vertical. Além disso, procura investigar o momento em que à busca por esse tipo de moradia deixa de ser apenas realização de um sonho, para ser uma necessidade, vendido diariamente pelas construtoras.
O Poder de ter money, desejo e reconhecimento, se entrelaça com a realidade de uma classe que no filme se representa nas pessoas ouvidas, sorrisos e comentários, chegam causar azia. “É muito bom está por cima, e quem não gostaria de ter essa visão privilegiada, sem contar que me afasto da violência, do barulho, e do caos”. “Bonito mesmo, é ver as balas coloridas”, chega a ser engraçado, desgraçado é, ver o ser humano ter que se proteger dos tiros de fuzis, que diferente das balinhas coloridas, causam cicatrizes eternas. Onde está o sentido dessa comparação? Nem mesmo um sal de frutas, para aliviar este queimor.
Chega a ser engraçado, ouvir um personagem dizer que “frequenta os melhores hotéis e restaurantes...”, ver também uma senhora cujo amigo fiel é um animalzinho empalhado e seu nome é Bush, seu filho remete a uma versão do burguês industrializado, ouvir um rapaz dizer que “as pessoas me chamam de playboy, mas meus pais trabalharam muito pra eu estar aqui”, e a uma mãe chamar o filho já adulto de adolescente, essas cenas funcionam muito mais como uma ficção bizarra e cômica, do que algo advindo de alguma relação mais complexa e ponderada com o real. Na ficção, tudo bem; no documentário, nem tanto: ainda que a ponte entre ambos seja uma linha ou ainda inexistentes de vários pontos de vista, no que tange à ética, ela me parece bastante clara.
No documentário, Mascaro acaba atribuindo aos entrevistados, contribuição com a desigualdade social, precauções foram tomadas para proteção dessas pessoas, uma delas foi o direito de não terem seus nomes divulgados, exigência feita pelos entrevistados. Mas, valo-me aqui, do seguinte ditado: “uma imagem vale mais que mil palavras”, e quando essas imagens têm conteúdos preocupantes, já se viu.
Para Gabriel Mascaro, residir em coberturas é principalmente uma questão de classes. Mas o maior desconforto do discurso de classes dentro da arte é tentar associar espaço e posição social. Afinal, de que elite Gabriel Mascaro está falando? No longa-metragem, não existe à percepção de que em grande parte das cidades brasileiras, quem está mais alto, definitivamente, é o morador de favela, o que, por si só, torna mais difícil entender a fragilidade do tema, com a associação de espaço e posição social. Assim, logo seu objetivo estaria desconstruído. Afinal, não poderíamos chamar de elites, moradores residentes em altas favelas?
É certo, sempre que o vídeo for exibido cada telespectador terá sua relação subjetiva, política e ética com as possíveis falas, ressalto aqui, nenhum incomodo ao ver ridicularizado pessoas como o dono de uma famosa boate de prostituição luxuosa, homem que não tem respeito algum ao fazer analogias, com as diferentes classes sociais, comparando à terceira classe de um avião, com uma senzala, expondo assim suas ideias, com orgulho do que elas representam.
Deslizando-me com veemência nas imagens feitas nas praias, logo sinto que a leveza e liberdade são privadas por alguns instantes. As sombras projetadas por oito edifícios, passam a ideia de autoridade e poder, se no momento for considerável uma analogia, o gigante Golias e o pequeno David, representaria bem esse contexto.
Entre risadas, indignação, subjetividade... Saí de Um lugar ao sol, relembrando questões problemáticas da violência urbana, que não é novidade, e sim, um (clichê), e em meio a tantas falas, não restou momento que permitisse uma reflexão mais aprofundada do que realmente se queria com o produto.
De tudo isso, fica uma certeza, bom seria que as pessoas aprendessem exercitar o que diz um trechinho da música “O lugar ao sol” do Charlie Brown Jr, “nossas vidas, nossos sonhos têm o mesmo valor”, se assim, o sol brilharia bem mais forte.
Assinar:
Postagens (Atom)