domingo, 13 de março de 2011

ESTRADAS, PONTES E ATALHOS: o lugar da tecnologia na educação

Por: Cleyton Douglas Vital


QUANDO OS ATALHOS E PONTES SEGMENTAM O CAMINHO
“Em primeiro lugar, preciso deixar claro que a aplicação da tecnologia na Educação impõe uma série de complexidades a se ter em conta na hora de analisá-la, já que não se pode fazer de maneira isolada. Deve-se levar em consideração, entre outras coisas, a capacitação dos docentes – o porquê dessa inclusão hoje, as singularidades da instituição e do projeto que se deseja desenvolver, o desenvolvimento de papéis de mediação, a aprendizagem colaborativa, a aprendizagem genuína -, repensar a proposta didática, o reconhecimento dos sujeitos participantes e do contexto onde o projeto se aplica e os novos entornos comunicacionais”
(EDITH LITWIN).
Ao reler o texto (título deste trabalho), é possível perceber a proposta discursiva adotada pela autora, à mesma vai partir de uma série de constatações realizadas, junto a professores sobre o uso de tecnologias. Não será fácil fazer esse percurso, sem visualizar que neste processo de uso de tecnologias, existe um aglomerado de ações: os caminhos, as pontes e os atalhos, e que em muitas das vezes, precisamos fazer escolhas que refletirá em ações para o futuro.
Nesse seguir em frente, sabe-se que, muitas das vezes será necessário percorrer um caminho, passar uma ponte ou construir um atalho, hora estimulado, outrora desfalecendo, sucessos e insucessos com certeza nos seguirão neste percurso, mas, em meio a esse campo de exercícios e escolhas, quais desses aspectos me farão chegar ao melhor local e ainda estimulado?
A palavra “desafio” no texto resenhado toma uma projeção de grandes infinidades, e que deixa muito claro ao leitor, e de forma bastante coesa, que os desafios são as palavras-chave nessa perspectiva de professor e aluno, ficando então como forma conclusiva desse texto. A autora coloca a grande importância de fazer uso das ferramentas tecnológicas, mas, ainda fala da grande importância de saber aplicá-las.
Muito interessante à questão apontada pela autora sobre o uso da tecnologia parecer estar mais associada a uma tecnologia que controla ou disciplina que uma boa ferramenta de ensino. Seja pelo seu uso estar atrelada à facilidade em repasse de conteúdos, seja para “dinamizar” a aula, seja para quebrar a monotonia ou para resolver um problema na prática docente.
Sendo, portanto, um atrativo adicional. Como solução ela aponta a utilização da tecnologia para além do uso pessoal. Com valorização das práticas educacionais que enfatizem e procurem responder aos aspectos cognitivos e não somente os meramente tecnológicos. Uma vez que hoje se faz necessário a formação do cidadão, com capacidade de domínio das novas linguagens, bem como o estabelecimento, com prioridade, do desenvolvimento integral do homem e sua inserção crítica no mundo em que se vive.

O USO DA TECNOLOGIA COMO PREMIAÇÃO SEM MERO VALOR

Não é bom que se façam uso da tecnologia como premiação sem mero valor, um exemplo prático que Litwin faz nessa perspectiva é a seguinte: “se comportou bem eu passo um vídeo, se portar-se mal, eu não passo”, a tecnologia não pode ser usada como fonte de premiação, ou de castigo para com o aluno, na ausência do professor, muitas escolas adotam o seguinte exercício, passa-se um filme, e logo em seguida pede-se um resumo, muitas vezes essa prática se torna inadequada por não estar construída numa metodologia que venha acrescentar conhecimento ao saber do aluno.
Nesse caso, o uso da tecnologia parece ser mais associado, a uma tecnologia que controla ou disciplina como citado a cima, para um bom ensino a ferramenta, e que nessa proposta, a ferramenta inclui punição, premiação ou apenas entretenimento, em uma proposta educativa de pouco valor.
Moran diz que no mundo existe uma preocupação muito grande com ensino de qualidade, e que o mesmo, é o simples conhecimento próprio das matérias, e essa preocupação é bem mais do que com a educação de qualidade, onde a mesma além de ensinar, tem o compromisso de integrar ensino e vida, conhecimento e ética, reflexão e ação conceitos muito importantes já que para o mesmo, educar é ajudar integrar todas as dimensões da vida.
Para Litwin as tecnologias podem ser vistas como ferramentas de apoio ao professor em suas atividades práticas, ou como processos de ensino aprendizagem, mas pode-se observar que, a autora mostra uma dependência dessas práticas com a tecnologia, e em outra situação, ela ainda associa à tecnologia a disciplina. No mais, essa segunda deveria ser mais adotada pelas instituições de ensino como um processo facilitador, para que o professor pudesse ultrapassar os muros da escola, as dificuldades existentes, e passar a desenvolver o conteúdo mais próximo da realidade.
Diante das manifestações realizadas durante o processo de ensino, o engajamento da tecnologia a este processo, traz novas possibilidades de mudanças na forma de aprendizagem, onde o professor passa a ser mediador deste conhecimento, proporcionando aos alunos um pensamento reflexivo, a respeito das temáticas postas em sala, com uma nova roupagem, sendo mais atraente a percepção destes.

A TECNOLGIA COMO PROPOSTA PEDAGÓGICA

Assim é perceptível que, não importa qual tipo de tecnologia seja trabalhado em sala, o que importa, é que esta não só seja vista como ferramenta, mas como processo, dentro das manifestações e expectativa, que ela e o professor mediador criem, mas que esta tecnologia seja imprescindível na forma de aprendizagem, fazendo esta ponte ou caminho para a construção do ensino.
Com visão humanística Paulo Freire diz que, não se pode pensar o processo educativo sem a conscientização do educando de sua inserção nestes contextos. Fica a critério do educador seu modelo de pensamento, seria melhor uma aula produtiva com todos os sujeitos interagindo, ou um contexto monótono padronizado, onde a incapacidade ou a limitação responda por esse processo?
A simplicidade gera humildade, e nesse processo conturbado, reconhecer e se mostrar adaptável as novas deixas, me refiro às novas tecnologias, que só resultaram numa fusão amigável: tecnologia x educador = crescimento do aluno.
Então, pensar o processo educativo com a inclusão das ferramentas tecnológicas é refletir um mundo totalmente complexo e cheio de surpresas, ficaria impossível planejar esse caminho sem a ajuda dos atalhos e pontes, e se falamos de complexidade, democratizar os meios sempre será a melhor escolha para se chegar a uma educação de qualidade.
É preciso pensar a tecnologia como recurso pedagógico, sem dúvidas, o aluno passará de simples decorador à protagonista de uma realidade vivida e necessária.

Nenhum comentário:

Postar um comentário