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sábado, 5 de março de 2011
A estética do grotesco e o processo crítico
Desde seu surgimento a mídia vem exercendo diversos papéis que vão desde informar e desin¬formar, de vender e comprar, de divertir e comover. Não há dúvidas, entretanto, que – indepen¬dente de ser concebida para – a mídia amplifica os acontecimentos sociais e, pela sua característica mediadora, transforma o imaginário cultural que, por sua vez, modifica o modo de operar da so¬ciedade, gerando novos conceitos e preconceitos estabelecidos. Como afirma Edgar Morin (2003) a mídia não inventou o crime nem a violência, mas tornou esses fenômenos mais visíveis.
Uma das maiores aparições da grande representatividade na massa é a estética do padrão de beleza que, a partir da individualização estabelecida pela lógica de consumo exagerado na pós-modernidade, vem sendo bombardeada na sociedade pela indústria cultural. Partindo do princípio dialógico da complexidade de Edgar Morin que explica que os opostos se confrontam, mas se completam, isto é, que a ambiguidade faz-se necessária, é que discutiremos dois programas de ideias diferentes, mas com o mesmo padrão de beleza que se resume a estética do grotesco que também é amplificada pela mídia em diversos veículos.
Na caminhada do processo crítico à estética do belo, a grade televisiva em Pernambuco apresentam dois personagens híbridos, onde um deles pratica um jornalismo policialesco altamente sensacionalista o “Ronda Geral” e o outro, ao mesmo tempo, em que é belo, é grotesco, pela ideia baseada na história de Cinderela com o “Papeiro da Cinderela”.
Estudiosos enveredaram-se pelo caminho do grotesco, a fim de entender mais afundo esse conceito. Muniz Sodré (1972, p. 38) definiu como “[...] o fabuloso, o aberrante, o macabro, o demente – enfim, tudo que à primeira vista se localiza numa ordem inacessível à “normalidade” humana”. Segundo Bakhtin (1987), o grotesco outrora caracterizado como metamorfósico e ambivalente perdeu seu sentido com as transformações sociais provocadas com o avanço da produção/consumo, restando apenas o grosseiro, a obscenidade, o cinismo, o insulto e, principalmente, a deformidade para compor a estética do grotesco:
[...] o interesse pelo grotesco diminui notavelmente, tanto na literatura, como na história literária. Quando se faz alusão à ele é para relegá-lo às formas do cômico vulgar de baixa categoria, ou para interpretá-lo como uma forma particular de sátira, orientada contra fenômenos individuais, puramente negativos. Dessa maneira, toda a profundidade, todo o universalismo das imagens grotescas desaparecem para sempre.
(BAKHTIN, 1987, p. 39)
Existem vários outros exemplos de grotesco na TV ou de Baixaria, além da representatividade conquistada pela grande audiência e/ou pela crítica, todos esses produtos midiáticos apelam para o humor ou para o dramático.
Por: Cleyton Douglas
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